O Brasil é o centro da manipulação de streamings no mundo
- Comunicação Music Stream
- May 22
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Uma fala recente do ex-CEO da Sony Music Brasil, Paulo Junqueiro, reacendeu um debate urgente sobre a integridade do mercado musical digital. Em entrevista ao podcast de Clemente Magalhães, Junqueiro afirmou que cerca de 60% de toda a manipulação de streamings no mundo ocorre no Brasil. O dado impressiona, mas também revela uma prática cada vez mais comum por trás dos números que vemos nas plataformas.
O que está por trás dos “números de sucesso”?
Segundo a reportagem da Rolling Stone Brasil, artistas, muitas vezes iniciantes, têm desembolsado entre R$ 50 mil e R$ 200 mil para manipular seu desempenho no Spotify. O investimento é direcionado a fazendas de streamings, onde robôs e contas falsas são ativados para gerar milhares de reproduções artificiais, empurrando essas faixas para posições mais altas em playlists e rankings.
O problema é que esses números não refletem audiência real, apenas alimentam uma ilusão de sucesso construída por meio de atalhos.
O mercado está inflado. E os danos são reais.
Paulo Junqueiro foi direto ao descrever o cenário:
“Você tem um artista que nunca gravou nada, mas tem um investidor com 5 milhões. A primeira atitude é: ‘vamos comprar stream e acionar os robôs’.”
Essa manipulação cria um efeito dominó:
O algoritmo é enganado, privilegiando músicas que não têm engajamento orgânico.
O público é iludido, acreditando que está consumindo o que é popular.
Artistas independentes e sérios são prejudicados, perdendo espaço para projetos inflados artificialmente.
O resultado é um mercado desequilibrado, onde a performance digital nem sempre reflete talento, relevância ou conexão com o público.
Isso é só sobre números?
Não. É uma questão ética, estratégica e estrutural. Ao construir uma carreira com base em dados manipulados, artistas correm o risco de cair no descrédito, afastar investidores sérios e bloquear oportunidades de crescimento verdadeiro.
Além disso, plataformas de streaming têm adotado medidas cada vez mais rigorosas para identificar e penalizar fraudes, o que pode afetar contratos, distribuições e visibilidade de quem adere a essas práticas.